Você tem Desejos Proibidos?
- Aniervson Santos
- 31 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Olá, caros amantes da psicanálise, tudo bem com vocês?
Neste texto iremos falar um pouco a respeito dos nossos desejos, de forma mais específica daqueles desejos proibidos, aqueles em que muitas vezes nem ousamos contar para ninguém. Mas calma, calma que não vou pedir para vocês escreverem nos comentários quais são os desejos proibidos de vocês, ok? Então não precisa ficar com medo!
Antes de falar de forma mais direta sobre os desejos proibidos, deixa primeiro te explicar como a psicanálise entende os desejos.
Bem, na visão da psicanálise, o desejo tem duas dimensões básicas: por um lado é aquilo que nos movimenta em direção a algo que foi eleito como objeto do desejo; por outro é a volta a uma experiência que um dia se formou. Um bebê, por exemplo, chora quando falta algo que já experimentou e o satisfez, como o leite.
Desejar, entretanto, é diferente de querer ou ter vontade. Ainda de acordo com a psicanálise, os dois últimos, o querer e ter vontade, são experimentados em nossas consciências, ao contrário do desejo, que está mais ligado aos nossos impulsos e posicionados em nosso inconsciente. É uma espécie de força motriz que motiva nossa relação com a realidade e com os outros. Essa ideia explica por que nascemos "seres desejantes".
Compreendendo agora o que é o desejo para a psicanálise, seria possível você entender o que viria a ser os desejos proibidos? Vou tentar te explicar em poucas palavras.
Alguma vez você já se censurou por desejar algo que considera errado? Praticamente todos nós temos aqueles desejos secretos, que ficam escondidos e que não são revelados a ninguém. O que torna um desejo bom ou ruim é o juízo que fazemos dele, as "regras" morais e leis da sociedade, nossa cultura, nossa religião e a criação de cada um de nós.
Somos constituídos em uma sociedade. Nossa identidade é formada a partir do meio social que regula os valores morais, éticos, condutas e as relações que temos e que determinam nossas conversas, relações afetivas e pessoais e, consequentemente, nossos desejos. A coletividade, então, interfere diretamente em nossa busca pelos objetos de nossos desejos.
Existem sociedades que convivem em harmonia com hábitos e costumes que são desprezíveis para outras comunidades. Com isso, vamos recalcando alguns desejos e reprimindo outros, o que não quer dizer que matamos esses desejos. Eles continuam em nós, escondidos, e muitas vezes se manifestam em nosso inconsciente, trazendo prejuízos psíquicos como um transtorno obsessivo compulsivo, neuroses e até a depressão.
Claro que há, sim, desejos que precisam ser reprimidos, como os criminosos ou que visam atentar contra outra pessoa —e que sem dúvida trazem um dano psicológico a quem tem tais desejos.
Conhecer nossos desejos reprimidos é importante para buscar ajuda. Um profissional da saúde mental, como um psicanalista, por exemplo, vai ajudar a pessoa a encontrar alternativas para lidar com seus "desejos proibidos" de uma forma saudável.
Para Freud, o pai da psicanálise, desejos são movimentos em direção a um objeto e residem no inconsciente ligado a sinais infantis que nunca perdemos. O desejo consciente é uma manifestação desfigurada do desejo inconsciente e boa parte do que se faz numa análise é esse caminho do reencontro da pessoa com o desejo original, sem as amarras sociais, sem os pudores ou exigências morais. Não existe um objeto pré-estabelecido para o desejo humano, já que não há nenhuma lei garantida pela natureza ou pelo universo que estabeleça o que uma pessoa deveria vir a desejar.
E ainda parafraseando Freud, para que algo seja proibido deve haver um desejo subjacente, ou seja, só se proíbe o que é desejado.
Espero que este pequeno texto te ajude a refletir a respeito da emergência do desejo, seja ele proibido ou não e a importância da terapia para compreender seus desejos, sem que haja nenhum tipo de pudor ou julgamento, mas ajudando o sujeito a compreender os limites impostos pela sociedade para a gozo de seus desejos.
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