top of page
Buscar

Os dilemas da População LGBTQIA+

  • Foto do escritor: Aniervson Santos
    Aniervson Santos
  • 18 de jun. de 2024
  • 4 min de leitura


ree

Olá, gente! Tudo bem com vocês?


Neste texto, gostaria de conversar um pouco sobre dois dilemas importantes enfrentados pela população LGBT. Um desses dilemas tem a ver com o difícil processo de auto reconhecimento e aceitação de si mesmo, dentro de seu contexto de vida e sociedade. O outro dilema diz respeito às diversas violências que essa população sofre em distintos ambientes, inclusive dentro de sua própria casa.


Este é mais um texto da série de discussões que me propus a fazer durante todo o mês de junho em decorrência do mês do orgulho LGBT. Afinal, quanto mais a gente aprende sobre o que é diferente de nós, nos tornamos mais humanos e acolhedores.


Gostaria de iniciar essa discussão, chamando a atenção para uma importante questão que se refere ao processo de auto referenciamento, ou seja, de se identificar com algo a partir dos exemplos sociais construídos e valorizados com grande prestígio. 


Nossa sociedade construiu, ao longo do tempo, um conjunto de comportamentos que são hipervalorizados, enquanto outros são menosprezados e inferiorizados. Essa mesma sociedade nos empurra a seguir uma dinâmica em que devemos perseguir como foco de nossas vidas o alcance desses hipervalores, se quisermos fazer parte da vida social e comunitária sem tantas dificuldades. E qual seria o grande problema desse mecanismo social?


Vamos lá. Primeiro é preciso dizer que esse tipo de mecanismo hierarquiza não apenas os valores, mas sobretudo os seus adeptos. Dessa forma, é criada uma grande hierarquia entre as pessoas que se vinculam a tais valores. Segundo, que para esse processo de hierarquização existir e funcionar é preciso dicotomizar os valores, criando dois polos opostos, onde um deles possui um valor positivo e o outro, um valor negativo.


Nesse contexto, temos a questão da sexualidade, em que a sociedade criou e apenas reconhece dois polos opostos, sendo eles: hétero e homossexual. E vocês sabem qual desses dois polos é o que possui valor positivo e o que possui valor negativo na sociedade?


Por mais que entendamos que entre um polo e outro pode haver uma pluralidade de outras possibilidades e que a ponta desses dois polos, não necessariamente, seria uma opositora a outra, tão pouco uma positiva e outra negativa, por mais que essa seja a compreensão da maior parte da cultura científica na atualidade, a sociedade tende a se prender numa ideia limitante, arcaica e retrógrada.


E o que isso tem a ver com os dilemas que apontei como foco desse vídeo? Ora, se um dos dilemas vividos pela comunidade LGBT é justamente a dificuldade de se autoreconhecer, essa dificuldade tem raízes profundas nesse mecanismo que citei anteriormente. Afinal, como aceitar como uma dinâmica natural do processo de construção humana, uma sexualidade que nos discursos sociais é vista como um desvio moral, como um erro de educação por parte dos pais, como promiscuidade ou algo do tipo? Percebe que, esse mecanismo social de perseguição sistemática por um tipo de experiência sexual e a hipervalorização de outra, interfere diretamente em como vamos dando vida às nossas experiências na sociedade?


Talvez você concorde comigo que se crescemos em uma sociedade que diz o tempo todo que ser LGBT é errado, vergonhoso, pecado, ou uma aberração, sei lá, vamos tentar, de toda forma lutar contra essa nossa natureza? Porque será que muitos jovens se escondem no armário e, em alguns casos, nunca saem de lá? Vocês já devem ter visto vários casos de homens e mulheres que casaram com pessoas de sexo oposto, construíram família, tiveram filhos, mas paralelamente, ou somente depois de anos, resolveram assumir sua homossexualidade? Será que essa atitude não tem a ver em ter dificuldade em se "associar" a uma imagem que, socialmente, além de ser vista como negativa, ainda é subjulgada, perseguida e violentada?


Convido vocês a fazerem essas reflexões!


O outro dilema que gostaria de discutir também nesse texto, que é a violência sofrida pela comunidade LGBT em diversos ambientes, inclusive dentro da própria casa, também tem a ver com essa dinâmica social que explicitei anteriormente. Ora, a violência, por si só, não se justifica, mas ela é influenciada por nossos discursos e crenças sociais. Assim, muitas vezes, as pessoas se autorizam a perseguirem, criminalizarem e violentarem aquilo que julgam que seja inferior a elas.


Pode até não ser uma verdade, do ponto de vista pessoal, que a pessoa que violente outra por preconceito relacionado à orientação sexual e a identidade de gênero, por exemplo, seja realmente opositora a tudo isso, pois há uma grande chance dela conter, dentro de si mesmo, desejos relativos àquilo que ela, externamente, persegue.


É mais comum do que possamos imaginar que há uma grande tendência de quando não aceitamos determinadas variações de nossa própria identidade, passemos a perseguir tais características fora da gente, nas outras pessoas, como se isso fizesse nossos próprios desejos desaparecerem. 


Essa violência vivida e sofrida pela grande maioria da população LGBT afeta não apenas suas relações familiares, mas todas as outras. O medo de andar na rua para não ser agredido física e verbalmente, o bullying sofrido no ambiente escolar, o assédio sexual experimentado no ambiente de trabalho, são exemplos reais de como esse dilema assola a vida das pessoas LGBTs no Brasil e no mundo. 


É importante destacar que da mesma forma que aprendemos a respeitar as pessoas, também aprendemos a violentá-las. Mas também é importante dizer que tudo que é aprendido pode ser desaprendido ou reaprendido. Como disse uma vez o escritor Alvin Toffler "o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender."


E aí eu te pergunto, na visão do Toffler, você seria um analfabeto ou não? Você se considera uma pessoa que consegue abrir mão de suas ideias arcaicas, retrógradas, limitante ou é daquelas que afirmam "eu aprendi assim" e pronto?


Espero que essas reflexões te ajude a compreender a importância de considerar a diferença como um elemento indispensável a nossa vida em sociedade. Se eu não for capaz de respeitar aquele que é diferente de mim, tampouco serei respeitado, já que na visão das outras pessoas, quem é diferente em relação a elas, sou eu. 


Para mais conteúdos como esse, segue meu perfil no instagram, Clicando Aqui!

 
 
 

Comentários


Estou aqui para te ajudar a construir um caminho seguro para sua vida!

Logo

© 2025 por Aniervson Santos, Psicanalista Clínico.

bottom of page