Nem todo corpo se sente em casa: quando falar sobre sexualidade e gênero é uma urgência
- Aniervson Santos
- 25 de abr.
- 2 min de leitura

Você já parou pra pensar que existem pessoas que não se sentem confortáveis no próprio corpo? Que o que sentem, o que desejam ou a forma como se identificam não cabe nas caixinhas que o mundo criou?
Na adolescência, esse desconforto pode virar angústia. Afinal, é nessa fase que as perguntas começam a gritar: “Quem sou eu?” “Por que me sinto diferente?” “E se ninguém me entender?”
E não, isso não é "drama adolescente". É a subjetividade pulsando. É o desejo de se reconhecer para além do que é imposto.
O corpo como palco do conflito
Na psicanálise, o corpo não é só biológico. É também simbólico. Ele fala, mesmo quando a boca se cala. É no corpo que as marcas da história se inscrevem: o afeto, a dor, o prazer, a repressão, os desejos.
Para muitos jovens, principalmente os LGBTQIAPN+, o corpo pode se tornar um lugar estranho, um espaço de tensão. Não por algo que eles são, mas por aquilo que o olhar do outro exige que sejam.
Gênero e sexualidade: construções, não prisões
Freud já apontava que a sexualidade humana é muito mais complexa do que as normas culturais permitem enxergar. Lacan vai além, mostrando que o desejo não se encaixa facilmente em categorias. Ele escapa, ele flutua, ele se desloca.
O que isso quer dizer?
Que ninguém nasce “pronto”. Somos construções em processo. E isso vale para a forma como nos identificamos, nos relacionamos, desejamos.
A tentativa de normatizar corpos, afetos e identidades gera sofrimento — porque nega o direito de existir em liberdade.
O papel da escuta
Se você é jovem e sente que seu corpo ou sua sexualidade não encontra espaço no mundo, saiba: você não está sozinho.
Se você é pai, mãe, responsável ou educador e sente medo por não entender tudo isso, saiba: escutar já é um começo poderoso.
A escuta na psicanálise não é sobre dar conselhos. É sobre acolher o que é dito e o que é silenciado. É abrir espaço para que o sujeito se constitua como é, com suas singularidades e contradições.
Quando o silêncio adoece, o acolhimento pode curar
A repressão, o julgamento e o abandono deixam marcas profundas. Mas o cuidado, a escuta e o afeto também. Eles constroem pontes. E fazem o corpo deixar de ser um lugar de dor para se tornar morada.
Que possamos construir mais espaços onde seja possível perguntar sem medo, sentir sem culpa, existir sem vergonha.
A psicanálise pode te acompanhar nesse caminho.
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Texto: Aniervson Santos – Psicanalista
Especialista no atendimento a juventudes e pessoas LGBTQIAPN+
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