Campanha Eleitoral, Comportamento e Inconsciente
- Aniervson Santos
- 12 de out. de 2024
- 4 min de leitura

Olá minha gente, tudo bem com vocês? Neste texto gostaria de completar uma discussão que iniciei no texto passado, em que eu abordei sobre o poder da política em revelar conteúdos do nosso inconsciente, à medida que vamos nos filiando a determinado discurso político e rejeitando outros.
Talvez você entenda melhor o texto de hoje se você ler primeiro o texto da semana passada. Caso você ainda não tenha lido, sugiro que você vá aqui no meu perfil e leia o texto que tem como título "A política transforma ou revela as pessoas?" e depois volta aqui, ok? Então vamos lá para o conteúdo da discussão de hoje?
Grande parte das cidades do Brasil já estão comemorando seus candidatos a prefeito eleitos no último domingo dia 06 de outubro, em que aconteceu em todo território nacional o primeiro turno das eleições municipais. Os futuros prefeitos e prefeitas, juntamente com os vereadores e vereadoras eleitos tomarão posse no dia 01 de janeiro para um mandato de 4 anos. Até que o dia primeiro de janeiro chegue, o grupo político vencedor tem muitos motivos para comemorar, enquanto os demais grupos que foram vencidos nas urnas lamentam a derrota.
Não quero falar aqui a respeito das comemorações do grupo vencedor, dos excessos nessas comemorações, os xingamentos, deboches e até depredação que muitas vezes acontecem ao longo das festas da vitória, mesmo tudo isso também representando um comportamento que manifesta conteúdos de nosso inconsciente. Quero falar aqui das manifestações inconscientes, mas que vieram à tona, principalmente no período eleitoral, ainda na campanha e que, de alguma forma, dão força para os comportamentos festivos ou violentos ao longo das celebrações de vitória.
Como eu disse no texto passado, o discurso de determinado candidato ganha adesão em nós devido já existir dentro da gente aquele tipo de conteúdo. Para ilustrar essa afirmação que fiz, vou usar uma frase do Freud, o pai da psicanálise, que diz o seguinte: "Não escolhemos outros ao acaso. Encontramos aqueles que já existem em nosso inconsciente." Em outras palavras, o que Freud está querendo dizer aqui é que nossa adesão a outra pessoa não acontece de forma aleatória, ela se baseia num conteúdo inconsciente já existente e, portanto, desconhecido de nossa consciência. Não é que aquela pessoa já existisse em nosso inconsciente, mas sim aquilo que ela representa inconscientemente para nós.
É importante dizer que os conteúdos que existem em nosso inconsciente não são harmônicos, ou seja, muitas vezes eles são contraditórios, pois não existe no inconsciente a mesma lógica que existe em nossa razão consciente. No inconsciente existem conteúdos que se contradizem o tempo todo e por isso é possível encontrar pessoas que se filiam a uma religião que prega o amor e o respeito entre todos, mas, ao mesmo tempo, se filia a um discurso político que elimina direitos e não respeita a diversidade, por exemplo. Aqui, do lado de fora, na nossa consciência, essas duas ideias não poderiam coexistir, pois uma anularia a outra, mas na dimensão inconsciente elas podem conviver tranquilamente.
Você já havia parado para refletir a respeito de suas escolhas conscientes, estas que te levaram a apoiar o candidato A e não o candidato B, e estas que te levaram a ter determinado tipo de comportamento ao longo do período eleitoral? Esses conteúdos que a princípio podem aparentar uma decisão completamente consciente, baseado em comparações desse candidato ter melhor proposta que aquele outro, representa muito mais um conteúdo inconsciente.
Se você, mesmo com um discurso de honestidade e respeito ao próximo, por exemplo, declarou apoio a um candidato que tem como filosofia e histórico político a perseguição a grupos sociais minoritários e comprovados episódios de corrupção esse conteúdo também está em você e não apenas nele. Lembra do que Freud disse? "Não escolhemos outros ao acaso. Encontramos aqueles que já existem em nosso inconsciente." Isso significa que você escolheu tal político pois as ideias dele, aquilo que ele defende e o que ele representa, já existia em você, por mais contraditório que possa parecer com outras ideias que você também expressa.
E antes de concluir esse texto, gostaria de comentar rapidamente a respeito do luto que os grupos políticos que foram vencidos nas urnas devem atravessar. Ficamos de luto não apenas pela morte de alguém querido, mas também quando algo que desejamos deixa de existir. Ora, algo que você gostaria tanto que acontecesse era que seu candidato vencesse as eleições e não aconteceu, logo, é natural que você se entristeça e até sofra um pouco, afinal você sente que perdeu algo. Esse luto, para que ele seja superado, precisa primeiro ser vivido. Negá-lo não o fará sumir, mas empurrará tal sentimento para os recantos de seu inconsciente e muito em breve ele vai ressurgir porém conectado a outra experiência de dor. Como disse o escritor e filósofo Alexandro Gruber "o que não se cura se repete."
E aos que, neste momento, celebram a vitória de seu candidato ou candidata, lembrem-se que seu comportamento reflete e diz muito sobre você, sobre quem você é, sobre sua natureza mais profunda e não sobre a fraqueza do outro. Tenha isso em mente antes de começar a agredir as pessoas que fazem parte dos grupos políticos vencidos nas eleições.
Então, é isso pessoal. Entendo que muita coisa ainda poderia ser dita e aprofundada, mas para não ficar um texto longo, resolvi fazer uma discussão mais direta. Mas se desejarem, podem levantar outros questionamentos nos comentários que vamos dialogando a respeito, ok?
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