A política transforma ou revela as pessoas?
- Aniervson Santos
- 7 de out. de 2024
- 4 min de leitura

Olá minha gente, como vocês estão? Espero que estejam bem. No próximo domingo, dia 06 de outubro, todas as cidades do Brasil irão às urnas para eleger seus prefeitos ou prefeitas e seus vereadores e vereadoras. As cidades brasileiras que não tiverem segundo turno já saberão seus futuros representantes no domingo mesmo e já poderão comemorar tão logo a apuração dos votos for chegando ao final.
Mesmo este sendo um tema de alta importância e que está no dia a dia de todos os brasileiros e brasileiras, meu objetivo com este texto, não é falar sobre as eleições municipais ou sobre o papel dos prefeitos e vereadores na cidade. Desejo levantar algumas discussões a respeito de como a política pode mover o ser humano em diversas direções, independente se o sujeito se considera uma pessoa de direita ou de esquerda, por exemplo.
O título desse texto questiona se vocês acham que a política transforma ou revela as pessoas. Mas antes de tentar responder este questionamento é importante estabelecer um conceito de política para que possamos voltar a ele sempre que for preciso. Entendemos que a política está relacionada com aquilo que diz respeito ao bem público, à vida em comum, às regras, leis e normas de conduta e, ainda, ao ato de tomada de decisão que afeta todas essas e outras questões. Dizendo com outras palavras, a política tem a ver com o coletivo, com aquilo que é para todos, com o bem comum e com o processo de tomada de decisão para alcançar essa coletividade.
Mas o que danado a psicanálise tem a ver com política? Calma, calma que eu já te explico!
Primeiro é importante que se diga que não irei abordar sobre política no sentido partidário, mas apresentando como a psicanálise compreende a dimensão da política, de forma que ela possua uma linha mais humanista e igualitária.
Como vocês já devem saber, somos feitos em grande medida pela nossa dimensão inconsciente, que implica em nossas pulsões e desejos. A partir dessa compreensão, destacamos que vivemos entre uma importante linha tênue em que de um lado se encontra o ponto de vista do nosso eu e do inconsciente e de outro lado, o nosso ego e superego. Essa linha tênue apresenta um conflito interno e praticamente interminável entre nossa dimensão mais pessoal e aquela dimensão coletiva, que define as regras sociais.
Para mim, é justamente essa linha que define os limites do que é pessoal e coletivo que interfere e contribui diretamente em nossa compreensão do que vem a ser a política. Talvez seja esse conflito entre administrar aquilo que é da ordem pessoal, íntima e privada com aquilo que tem a ver com o bem comum, com a coletividade e as regras sociais que pode responder a pergunta do título desse texto.
A psicanálise entende que a política não é uma dimensão polarizada do sujeito em que só possa existir "ou nós ou eles", mas um movimento que pode contribuir para que ao compreender sua dimensão mais íntima você também se dê conta que não vive em um planeta sozinho e isolado. A política seria assim uma manifestação do conflito entre o desejo de se alcançar a liberdade individual e a necessidade de ordem social. No entendimento de Freud, a cultura reprime nossos impulsos.
E respondendo a pergunta do título, se a política transforma ou revela o sujeito, que eu sei que vocês estão esperando que eu dê essa resposta, na minha compreensão a política tem mais força em revelar do que transformar as pessoas, principalmente se consideramos que somos sujeitos inconscientes e vivemos sob esse domínio. Nossas filiações políticas, nossa adesão ao candidato A ou B, o jogo de interesse que temos por trás ao fazermos campanha para um candidato e não fazer para outro, a possibilidade de negociar o nosso voto ou só de votar se tivermos garantias de benefícios próprios, ou até mesmo a adesão a um projeto de governo que vai em direção oposta ao tipo de sociedade em que gostaríamos de viver, revela em muitos níveis os conteúdos do nosso inconsciente.
É claro que poderíamos responder a essa pergunta dizendo também que a política transforma o sujeito, se considerarmos os elementos do cotidiano, porém, nossas ações são pautadas por conteúdos, em sua grande maioria, inconscientes e que vão tomando forma através das nossas atitudes à medida que não vão encontrando resistências para se manifestarem.
Não fosse assim, como você explicaria alguém que o tempo todo verbaliza uma adesão a uma sociedade que acolha as diferenças, que respeite o próximo, que acabe com a pobreza e que zere as diversas formas de violência, mas se vincula a um candidato que tem como projeto de governo completamente o oposto, ou, quando nem projeto de sociedade esse candidato possui. Em minha compreensão, esta adesão revela que esta pessoa já possuía tais inclinações em seu inconsciente e encontrou solo fértil para experimentar suas pulsões e desejos mais escondidos, do contrário, o discurso daquele candidato não encontraria adesão nesta pessoa.
Para Freud, o pai da psicanálise, a política é um palco onde as neuroses coletivas e os impulsos inconscientes são expressos e gerenciados. É no palanque político que nossas pulsões e desejos ganham liberdade para se expressarem. Ali é como se não existisse a necessidade de levantarmos nossas defesas e os nossos desejos inconscientes podem ser expressos livrementes, inclusive, até aqueles desejos em perseguir direitos das minorias, acabar com a liberdade de expressão, perseguir determinado grupo social, tudo isso para que apenas nosso desejo seja o único a ser realizado.
Agora me conta você, na sua opinião, você acha que a política tem mais poder de transformar ou de revelar as pessoas? Quero ler as opiniões de vocês nos comentários deste texto, ok?
E para todos nós brasileiros e brasileiras, desejo que no próximo domingo, 6 de outubro, dia do primeiro turno das eleições municipais, possamos nos deparar com um inconsciente coletivo de fraternidade, humanidade e respeito nas ruas e nas urnas de cada canto desse país. Boa eleição a todos!
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